sexta-feira, 20 de agosto de 2021

 



                  CIRCULA MEU CORDEL
(UM MANIFESTO)
 
Circula meu cordel.
Vai na carreira,
Nas asas da fênix.
Ave guerreira
De versos imortais,
De feira em feira.
 
Circula meu cordel
Na boca do povo
Inspira a lavadeira,
O nobre lavrador
Que de tanta asneira
Finalmente se cansou.
 
Circula meu cordel
Como som de tambor,
Balança minha gente,
Foge deste terror
Que chamam “mito”;
Apelido – matador!
 
Circula meu cordel
Como ondas de rádio,
Corre as estações
Chega ao estádio,
A todas as multidões.
Chega como raio!
 
Circula meu cordel
Vai como correnteza
No galope alado
Com toda ligeireza
Com a força do verbo
E toda sua beleza.
 
Circula meu cordel
Entre guetos e vielas
Incita a mudança:
grita, chora, se esgoela;
incita a revolução,
Liberta-te da cela.
 
Circula meu cordel
Na indústria e na roça,
Na feira e galpão
Acerta esta choça
Que te põe correntes
Como burro de carroça.
 
Circula meu cordel
Vai girando por aí
Roda o mundo todo
Vamos todos dividir
Uma pedaço de pão
Um poema pra sorrir
 
Circula meu cordel
Igual uma epidemia
Mas que não traz morte,
Somente paz, alegria,
Palavras de alento
Gritos de rebeldia.
 
Circula meu cordel
Vai na contramão
Deste podre sistema
Que trouxe escravidão
Com martelo e foice
Faça a revolução.
 
(Poeta Carlos Henrique Nunes)
 
 
 
 
 

 

sábado, 10 de julho de 2021

 

OS SENTIDOS DE UM TBT




            Quem frequenta as redes sociais, a exemplo do facebook, Instagram, entre outros, já deve ter se deparado com alguma postagem de fotografia na qual aparece na legenda ou mesmo sobre a própria foto estas letrinhas: TBT. Eu mesmo sempre observava, mas nunca tive a curiosidade de desvelar o real significado, mas supunha, levantava hipóteses de que se tratava de uma recordação, de um tempo já passado, mas que fora importante ou prazeroso para a pessoa que ali estava expondo para seus seguidores e amigos um pouco daquilo que vivenciara e experimentara.

            Nestes tempos de pandemia, de isolamento social, este tipo de postagem se tornou ainda mais corriqueira. E aí eu me pergunto: será que viveremos a partir de agora de lembranças de um tempo que não volta mais? Que bom que existem as fotografias, não é? Evidente que nada é mais importante com as lembranças vivas das experiências que vivemos, mas se há fotos para ilustrar melhor, ajuda-nos a reavivar tais lampejos em nosso coração. Por estes dias mesmo o aplicativo Google fotos instalado no meu celular me notificou, lembrou de uma viagem que fiz juntamente com minha esposa, filho e o pessoal lá da escola que trabalho. Viajamos para um parque ecológico na cidade de Boca da Mata, no interior de Alagoas. Que lugar esplêndido! Um restaurante com uma comida regional deliciosa, passeio de trator, a cavalo, piscinas, bica d’água, riacho, trilha para fazer caminhada, museu com artefatos de madeira esculpidos por artistas locais. E a companhia especiais de tantos amigos e familiares. Um daqueles dias que nos marcam, que nos fazem refletir como Deus é bom e nos deu tudo, e nós, no entanto, muitas vezes não sabemos valorizar e apreciar tais belezas e prazeres.

            Olhando àquelas fotos eu pude observar o quanto eu estava feliz naquela momento. Jamais eu poderia imaginar que alguns meses depois iríamos iniciar uma quarentena que  se arrastou e virou semestre, que virou o ano e nossa cabeças e vidas do avesso, e nos deixou mais apreensivos, temerosos, e até mesmo doentes. É... muito gente pegou o vírus, alguns tiveram sintomas leves, outros sobreviveram, mas ficaram com sequelas, e outros, infelizmente nos deixaram mais cedo. Ainda bem que temos as tais fotografias – os TBT, pois estas também serão o registro eterno de momentos ao lado daqueles e daquelas com os quais já não poderemos passear, viajar, caminhar etc. E mais importante que as fotografias, guardaremos as imagens de seus sorrisos e a voz de sua esperança de que nessa viagem fugaz somos todos passageiros de uma mesma naveterra, em busca de uma passagem para nossa casa definitiva e etérea. E acho que lá não tem TBT, será?

Por Carlos Henrique Ferreira Nunes. 09 de julho de 2021.

 

 

segunda-feira, 21 de junho de 2021

 RESENHA DO LIVRO “A VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS”, DE JÚLIO VERNE

            Esta aventura inicia-se na cidade de Londres, mais precisamente no dia 02 de outubro, quando de uma conversa informal entre amigos associados ao tradicional Reform Club, surge o desafio de “dar a volta ao mundo em 80 dias” lançado a um dos seus membros ilustres, Mr. Phileas Fogg, que aceita a empreitada, pois considera inteiramente possível tal feito. Mas vale ressaltar que a narrativa se passa no século XIX, e que naquela época os meios de transporte mais modernos a disposição eram embarcações e trens, aqui chamados de paquetes e railroad.

          Em sua odisseia passaria pelo oriente, pela índia, e atravessaria o mar em direção a América do Norte, passando pelos estados americanos de São Francisco e chegando a Nova York, de onde pegaria uma nova embarcação em direção à Londres, capital da Inglaterra, onde deveria chegar até o dia 21 de dezembro, no mais tardar às 20h40. Assim fora acordado entre os apostadores. Mr. Phileas Fogg é acompanhado por seu fiel criado Passepartout, um francês esperto e corajoso, que admira seu patrão e participar ativamente das várias confusões e complicações as quais roubaram horas preciosas do itinerário do nobre e meticuloso Phileas. Passepartout conhece um agente de polícia, que sem que ele saiba estar a caça de seu patrão, que é acusado de roubar algumas milhares de libras do banco da Inglaterra, pois o perfil descrito do possível gatuno se assemelha muito com o de Phileas Fogg. O agente Fix o segue durante quase toda a viagem, e fica na expectativa da chegada de um mandado de prisão vindo de Londres por telégrafo. Enfim, são muitos os percalços que surgem para atrapalhar Phileas e Passepartout a cumprirem sua missão, e muitas surpresas aparecem para animar a narrativa e manter o foco do caro(a) leitor(a). Nos impressiona o fato de Phileas Fogg sempre manter a calma em todas as situações, nas quais busca soluções diplomáticas e racionais para superar os apuros e contratempos de tal viagem. No fim das contas os custos da viagem quase se igualam ao valor que Phileas receberia dos amigos do Reform Club, mas, ela ganhara algo que não esperava e que vale mais que ouro, aí só lendo para saber o que é, né? Não vou dar spoiler. Vale apena ler este romance que nos diverte e distrai, ainda mais nestes tempos de pandemia

            Narrado em 3ª pessoa por um narrador onisciente, este romance não se detém em fazer análise psicológica dos seus personagens, os conhecemos mais por seus gestos e ações descritas, o que aliás, deixa a narrativa fluida, leve, bem ao estilo das narrativas modernas. Gostou da resenha, deixe seu “like” ou comentário. Abraços Literários e até a próxima.

 

Por Carlos Henrique Ferreira Nunes (22/06/2021)

REFERÊNCIA: VERNE, Júlio. A volta ao mundo em 80 dias. Trad. Juliana Gomes Gonçalves: Jundiai – SP; Princípios, 2019.

 

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

 

Viagem ao Centro da Terra, de Júlio Verne

 

Viajar ao centro da terra é uma experiência fantástica. A obra de Júlio Verne nos torna viajantes, aventureiros, expedicionários de uma Europa distante, pouco conhecida. Do leste europeu aos confins subterrâneos, e enfim, ao núcleo da terra. Três argonautas do subsolo, dos quais um deles nos oferece seu olhar curioso de geólogo e sua voz para narrar uma viagem na qual se pode aprender bastante, mas também, se corre muitos riscos, inclusive, de não retornar à superfície terrestre. A obra Viagem ao Centro da Terra, de Júlio Verne se divide em 45 capítulos, que totalizam 303 páginas, que nos envolvem a cada uma que atravessamos. Nos primeiros capítulos, conhecemos os seus personagens principais, e um pouco de seus hábitos e rotina: Axel, protagonista e narrador; Professor Lidenbrock, seu tio e maior entusiasta da expedição; e Hans, uma espécie de assistente e guia local. Seu ponto de partida é a cidade de Hamburgo na Alemanha. Mas a aventura pelo subsolo se dar a partir de sua chegada ao monte Sneffels, na Islândia. Eles têm, entre outras coisas, como instrumentos uma bússola, e um diário. O tio de Axel era professor de mineralogia em uma universidade alemã, e ele queria seguir os seus passos, e, portanto, era apaixonado por tudo que se relacionava ao conhecimento do solo e dos minerais por ele velados como tesouros. A cada camada em que descem mais profundamente em direção ao núcleo da terra, mais tensa e perigosa se apresenta a travessia. Em um determinado momento eles se perdem na total escuridão a quilômetros de distância da superfície. Noutro, a água potável acaba e os aventureiros ficam a um triz de morrerem de sede. Para aqueles que são amantes da geografia, sobretudo da geologia, amarão este livro, para quem é de outras áreas como eu, também apreciará a mistura de ciência e ficção que embala esta obra escrita no século XIX, mas que mantém sua jovialidade e se consagrara como um cânone (clássico) na literatura francesa e universal, chegando ao séc. XXI sendo uma das obras mais lidas e traduzidas do mundo. Não vou dar spoiler, vão lá conferir. Abraços, e até a próxima resenha.

 

Resenha escrita por Carlos Henrique Ferreira Nunes.

 

REFERÊNCIA:

 

VERNE, Júlio. Viagem ao Centro da Terra. Trad. Juliana Ramos Gonçalves. Jandira – SP: Principis, 2019.