sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

 RESUMO, RESENHA E RESENHA CRÍTICA 

RESUMO - Entende-se por resumo um texto que sintetiza, ou seja, traduz em poucas palavras, ou poucas linhas do que se trata determinado livro. O resumo nos permite visitar o conteúdo de um livro que lemos, e ter uma ideia geral sobre ele, no entanto, sem precisar ter que lê-lo todo novamente. Para  escrever o resumo, não deixe de mencionar o nome do autor(es) e do livro do qual o resumo trata; lembre-se de fazer anotações e não esquecer as informações mais importantes; pode-se fazer uma lista dessas informações, e depois usá-las para escrever o texto.                                                                        

RESENHA. Na resenha deve-se descrever uma determinada obra/livro. Como assim? O leitor de resenhas quer saber não somente do que se trata um livro, mas quer ter mais informações técnicas sobre o mesmo. Na resenha, semelhante ao resumo, não se deve dar opinião, mas simplesmente descrever os aspectos físicos e o conteúdo de modo objetivo/descrito, sem elogiar ou criticar estes aspectos. O julgamento deve ficar por conta do leitor. Uma boa resenha deve despertar o interesse do leitor em ler o livro, no entanto, sem influenciar em sua apreciação.   Deve-se indicar a faixa-etária (idade) e os tipos de público que poderiam se interessar por seu conteúdo, bem como autor, obra, editora, ano de publicação, número de páginas, entre outras informações que julgar importantes.           

RESENHA CRÍTICA. Este gênero difere do anterior (Resenha) pelo fato através dele se emitir um juízo de valor, ou seja, por dar opinião a respeito de uma obra. Mas não se trata de uma opinião vazia do tipo "gostei ou não gostei", "é legal", "é interessante". Deve-se apontar o que o agradou ou desagradou, bem como explicar o porquê, ou seja, justificar, fundamentar. Por exemplo, "não gostei da obra Grande sertão:veredas porque seu autor usa muitos neologismos (palavras inventadas), o que torna a narrativa  mais lenta, pois tens que tentar deduzir o que significam. A mesma característica acima criticada por um resenhista poderia ser elogiada por outro, que diria "o livro é excelente, e o autor muito criativo, chegando a inventar palavras que nos levam a refletir, embora tenhamos que parar para pensar em seus prováveis significados".  Seja para fazer uma crítica positiva ou negativa, o autor (resenhista) deve ter conhecimento técnico sobre o aspecto que o agradou ou desagradou. Em se tratando de uma obra  literária estas podem ser: a linguagem, o enredo (história), os personagens, a qualidade da tradução (quando o livro é estrangeiro), a qualidade do material (o acabamento, o designe) do livro físico, as imagens ou ilustrações. Em suma, a Resenha Crítica exige mais do que um resumo (descrição) ou resenha(descrição e informações técnicas), e pode sim, influenciar ao leitor que deseja ler uma determinada obra e busca informação antes de iniciar esta leitura, pois faz uma análise e cotejamento.      

domingo, 13 de dezembro de 2020


MELO, Fábio de. É Sagrado viver. São Paulo: Planeta, 2012. p.176
 
        Em É sagrado viver, Pe. Fábio de Melo nos apresenta narrativas na forma de crônicas, que muitas vezes flertam com a poesia, não fosse a disposição das orações no papel no formato de prosa, poderíamos sim ter alguns poemas que saltariam de suas páginas.
        As crônicas não seguem uma ordem cronológica ou uma temática em particular, tratam de assuntos dos mais diversos, mas, na maioria deles se revela seu profundo sentimento de compaixão para com os infortúnios das pessoas mais humildes, ao tempo que desvela em seus gestos a presença do sagrado. A linguagem da arte, os gestos de amor e o silêncio podem, cada qual ao seu modo, ser um momento de epifania de Deus em nossas vidas. Fábio de Melo faz descrições de pessoas anônimas em situações corriqueiras, e consegue capturar em suas ações e gestos um Jesus transfigurado, um Jesus que nos pede um olhar mais demorado sobre as coisas que realmente são importantes, e sobre as pessoas que devemos cuidar. E este olhar, ao paralisar ou fotografar aquela situação, aquele gesto também denuncia o quão muitas vezes estamos distantes da realidade, pois estamos imersos no mundo do trabalho, da velocidade e da mecanização da vida, que nos faz agir como se estivéssemos vivendo guiados por controle remoto.  
      A leitura deste livro também nos faz conhecer um pouco mais sobre a vida e algumas posições pessoais de Fábio de Melo. Evidente, que mesmo sendo ele escritor, não deixa de ser padre, professor e artista, e todos estes aspectos da formação do autor se encontram presentes nessa obra. A racionalidade diante da força avassaladora do tempo, que para nós pode parecer o começo do fim e para outros apenas uma mudança natural de fase ou estágio que se manifesta aí sob o prisma da finitude e infinitude. Não se trata de um livro de autoajuda como alguns possam imaginar, ao contrário, temos reflexões filosóficas e questionamentos sob os quais o próprio autor faz indagações sem nos apresentar respostas prontas ou fórmulas, ao contrário. Mas tudo isso usando uma linguagem coloquial, quase como um tom de conversa.
        Mesmo a teologia católica ou cristã estando como pano de fundo de suas reflexões, de suas narrativas, que ora contam histórias de personagens reais, ora versam sobre temas como a música ou a poesia, este fato não tira a relevância nem a beleza de seu texto que nos põe diante do espelho, diante de realidades que muitas vezes vivemos, mas experimentamos, não tiramos dali numa experiência significativa, exatamente porque estamos sempre com pressa, e aí a vida passa e não enxergamos o sagrado que estava  ali  tão perto, ao nosso lado.
Neste tempo de pandemia e de tanto pessimismo, a leitura desse livro pode nos alentar e nos ajudar a tirar algumas traves dos olhos, valorizando e se demorando sobre as pessoas e as coisas que são mais importantes para nós e que nos ajudam a atravessar juntos a tempestade de hoje e as que virão. Recomendo para todos os públicos, sobretudo, para pessoas adultas, sejam elas religiosas ou não. Vale apena. Um grande abraço! Leiam e deixe aqui seus comentários e impressões. 

         Resenha Crítica de Carlos Henrique Ferreira Nunes